Os discursos apocalípticos recolhidos nos evangelhos refletem os medos e a incerteza daquelas primeiras comunidades cristãs, frágeis e vulneráveis, que viviam no meio do vasto império romano entre conflitos e perseguições, com um futuro incerto, sem saber quando chegaria Jesus, seu Senhor amado.
Também as exortações desses discursos representam em boa parte as exortações que se faziam uns aos outros aqueles cristãos, recordando a mensagem de Jesus. Este chamado a viver despertos, alimentando a oração e a confiança, é um traço original e característico do Profeta da Galileia.
Depois de vinte séculos, a Igreja atual caminha como uma anciã, “encurvada” pelo peso dos séculos, pelas lutas e trabalhos do passado. “Com a cabeça baixa”, consciente de seus erros e pecados, sem poder mostrar com orgulho a glória e o poder de outros tempos. É o momento de escutar o chamado que Jesus dirige a todos nós.
“Erguei-vos”, animai-vos uns aos outros. “Levantai a cabeça” com confiança. Não olheis o futuro somente a partir de vossos cálculos e previsões. “Aproxima-se a vossa libertação”. Um dia já não vivereis encurvados, oprimidos, nem tentados pelo desânimo. Jesus Cristo é o vosso Libertador.
Existem maneiras de viver que nos impedem de caminhar com a cabeça erguida, confiando nessa libertação definitiva. Por isso, “tende cuidado para que não se embote a vossa mente”. Não vos acostumeis a viver com um coração insensível e endurecido, procurando encher vossa vida de bem-estar e dinheiro, de costas para o Pai do céu e para seus filhos que sofrem na terra. Esse estilo de vida vos tornará cada vez menos humanos.
“Permanecei sempre despertos”. Despertai a fé no seio de vossas comunidades. Sede mais atentos ao Evangelho. Cuidai da presença de Deus na comunidade. Não sejais comunidades dormentes. Vivei “pedindo força”. Como continuaremos os passos de Jesus, se o Pai não nos sustenta? Como poderemos “manter-nos de pé diante do Filho do homem”?
Pe. Iseldo Scherer
Pároco/Reitor do Santuário
e Orientador Espiritual do Seminário de Azambuja