“Permanecei em mim” (João 15,4)
A imagem é uma força extraordinária: Jesus é a “videira”, nós cremos nele, somos os “ramos”. Toda a vitalidade dos cristãos nasce dele. Se a seiva de Jesus ressuscitado corre por nossa vida, ela nos traz alegria, luz, criatividade, coragem para viver como Ele vivia. Se, ao contrário, não flui em nós, somos sarmentos secos.
Este é o verdadeiro problema de uma Igreja que celebra Jesus ressuscitado como “videira” cheia de vida, mas que em boa parte é formada por sarmentos mortos. Para que continuar a distrair-nos com tantas coisas, se a vida de Jesus não corre por nossas comunidades e nossos corações?
Nossa primeira tarefa hoje e sempre é “permanecer” na videira, não viver desconectados de Jesus, não permanecer sem seiva, não secar. Como se faz isto? O Evangelho o diz com clareza: temos que esforçar-nos para que suas “palavras” permaneçam em nós.
A vida cristã não brota espontaneamente entre nós. Nem sempre se pode deduzir racionalmente o Evangelho. É necessário meditar por longas horas as palavras de Jesus. Só a familiaridade e afinidade com os evangelhos nos faz ir aprendendo pouco a pouco a viver com Ele.
Com a frequente aproximação às páginas do Evangelho, vamos entrando em sintonia com Jesus, Ele nos transmite seu amor ao mundo, vai nos apaixonando por seu projeto e infundindo em nós seu Espírito. Quase sem nos darmos conta, vamos nos tornando cristãos.
Esta meditação pessoal das palavras de Jesus nos muda mais do que todas as explicações, discursos e exortações que nos chegam do exterior. As pessoas mudam a partir de dentro. Talvez seja este um dos problemas mais graves de nossa religião: não mudamos, porque só o que passa por nosso coração muda nossa vida; e, com frequência, por nosso coração não passa a seiva de Jesus.
Pe. Iseldo Scherer
Pároco/Reitor do Santuário
e Orientador Espiritual do Seminário de Azambuja