No evangelho deste vigésimo terceiro domingo do tempo comum (08 de setembro), São Lucas começa dizendo que grandes multidões acompanhavam Jesus. E Jesus, voltando-se para elas, lhes disse: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não tomar sua cruz e caminhar atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14,25-33).
Grandes multidões acompanhavam Jesus. Uns mais de perto, outros mais de longe. Como acontecia e acontece até hoje. Os que acompanham nem sempre estão dispostos a se comprometer com a proposta de alguém. São espectadores, tem suas motivações: porque ele fala bonito… porque é tradição da família… (no caso mais direto com Jesus) porque Ele pode multiplicar os pães novamente e poderemos comer de graça de novo… ou porque se poderá assistir ao espetáculo de mais um milagre, como foi o caso da ressurreição do filho da viúva de Naim… O acompanhante, no hospital, por exemplo, até é pago para acompanhar um doente. Trabalha as suas horas e vai para casa dormir.
Jesus, pelo que parece, implica, para não dizer, irrita-se com os acompanhantes e lança esse grande desafio: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não tomar sua cruz e caminhar atrás de mim, não pode ser meu discípulo”.
Diz a parábola de hoje: quem acompanha é como um homem que começou a construir sua casa, mas, na hora de compromissos maiores, deixou tudo, abandonou a construção e deu o fora.
O discípulo é aquele que se põe a caminho, suja as mãos e não abandona a construção de sua vida e do Reino de Deus. Vai seguindo Jesus até as últimas consequências, é o convertido. É aquele com quem Jesus pode contar em todos os momentos e em qualquer situação. Carrega a cruz e segue sempre porque se deixa ajudar pelos outros como Jesus que se deixou ajudar pela Mãe, por Cireneu, por Verônica e por tantos outros. Não carrega sozinho (ninguém consegue), mas pede ajuda e segue em frente. Não abandona.
Temos ou não a coragem de ser discípulos ou permanecemos eternos e fracos acompanhantes?
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Pe. Alvino I. Milani
Vigário Paroquial do Santuário de Azambuja e
Capelão o Hospital de Azambuja